segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

O açoite mental

Mais uma noite acordado,
De olhos abertos, coração fechado e sorriso largo!
Me divirto, perfurando e alargando minhas próprias chagas!
À medida em que a escuridão vai sendo empurrada para outros rincões,
Finjo resistir, mas busco repouso para o corpo, exausto, pelo açoite mental.

A dúvida, preço da inquietação,
impõe-me a encruzilhada da rotina, mesmice e conformismo
e as noites laboriosas de prazer! O sexo, nem sempre fácil por lamúrias femininas
adoráveis, por sinal! O álcool, que (des)monta a personalidade e emudece a razão,
por limites falso moralistas! Parte do jogo de sedução.

Como já se diz alhures, o preço da liberdade?
A solidão!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O vício do escritor

Dói-me as costas,
o pescoço, a cabeça.
Me dói os cotovelos,
os olhos, também sofrem.

Os dedos, esses teimosos,
insistem em pestanejar nos
desenhos das letras.

Escrevo porque gosto.
Não sei se sou lido,
se sou amado, ou,
se sou odiado!

V.VI.MMVII

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

O celeste, na terra

O medalhão dourado desponta no negro céu pontilhado.
Majestosa, a luz dourada empurra a escuridão para rincões desconhecidos.
Á medida em que ilumina as terras descobertas,
recobra tempos em que prateava, mais alta, os mares atlânticos.

A escuridão, ofuscada pelo mais romântico corpo celeste
parece esconder-se no peito deste corpo terrestre
habitado, também por mais belas, tenras e prazerosas lembranças.

Fato é que, do inesperado, do insoço e do insípido
surge uma tormenta, agitando o que outrora calmo estava
e arrebata, com a força de leão, que urge entre as pedras e ondas
a tranqüilidade que me incomodava alma.

Sigo incomodado, agora, não mais pela ausência, pelo vazio,
mas sim pela presença tua, longe dos meus olhos,
dentro de mim, fora do meu alcance.

O pacífico Atlântico

Entregue as tormentas destes verdes mares bravios,
empurrado pelos ventos que sopram teus cabelos,
a açoitar meu rosto e embalar meu corpo.

Brilha em meus olhos não apenas o calor do teu peito,
mas a Lua, ali pertinho, só para nós dois, prateando a imensidão infinita.
As ondas, insistem em nos derrubar, mas apenas
embalam sonhos e faz dançar, aproximando dois, fadados à distância.

Contradições como limites de tempo, espaço, outros...
apenas servem para enebriar minhas razões.
Assim, fora de mim, quero que aqueles "último minutos"
não escoem jamais!

Teu silêncio me invade
teu beijo me cega
teu corpo me domina

O meu eu, é teu.

XXIV.X.MMVII

domingo, 1 de julho de 2007

A casa é tua

Não consigo mais escrever.
Tirem-me a pena, o teclado, os papéis.

Estou seco!
O vinagre penetrou em minhas entranhas
e nada mais resta do que um ser disforme
uma folha, rabiscos do que outrora
já foi habitado por muita vida,
sangue, amor, luzes, cores e ar!

Falta-me o ar,
desapareceu o amor.
Partiu o beijo.
O que ficou, o que resta é
apenas as lembranças e a dor!

Lembranças de um tempo bom,
de um tempo ruim, mas presente!
A dor, de lembrar que isso tudo,
um dia existiu.

Te deixo partir.
Vai! Aqui fico eu, te empurrando
pra fora!
Desejo que olhes para trás!
Que batas à porta, que não peças para
entrar.

A casa, sempre foi tua!

XX.II.MMVII

Teu coração vazio

Procuro em outros rostos,
outros corpos, o sorriso,
que outrora contemplava
somente em ti.

Em vão, me entrego a essa busca
melancólica, natimorta
inconsequente.

Sigo triste, pensativo e sabedor
que assim como o grão de areia constrói,
também é levado pela ventania do tempo.

Ah esse vento que tardou em te trazer,
não demora em te afastar dos meus braços
de onde fostes arrancada!
Tomada pela cólera provocada pelo o que
teus olhos não viram.

Hoje enxergo que a cena não vista
fora ofuscada pela venda que cega
teu coração,

vazio.

XVI.II.MMVII

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Madalena aliviada

Madalena respirou aliviada
ao perceber que o seu Jesus,
se em outras épocas fosse,
não se conformaria apenas de estar em sua nuca.

Mesmo porque se materializado aqui estivesse,
rasgaria com a boca,a renda negra do soutien
lhe rendendo lábios desejosos de beijo e gozo.

Já sem a renda, "quase" perderia os sentidos
e de bruços iria descansar depois de tanto vagar,
escalando as curvas do teu corpo.

Chicotadas, crucificação,
Coroas de espinhos,
Quiçá essa flagelação profetizasse
a ânsia por cometer o pecado mortal, pelo qual purificou-se.

Ou, como um estigma da tentação,
Nos tempos de hoje, soasse aquele ritual,
O sadomasoquismo de tuas revelações!

XVI.X.MMVI